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A Vantagem da Felicidade

Written by Tony Goodrow, Better Impact (Canada Office) | Jan 13, 2022 5:27:00 PM

Assumindo que todos nós poderíamos ter um pequeno aumento de felicidade nestes dias, eu quero partilhar alguns pensamentos de um grande livro convosco. Se conseguir tirar algo daqui eu sugiro vivamente que pegue no livro e o leia todo. Abaixo temos uma mistura das palavras do Achor diretamente do seu livro, The Happiness Advantage (A Vantagem da Felicidade), e o meu próprio resumo de algumas das suas ideias e também as minhas próprias reflecções, incluindo alguns pensamentos sobre como isto se pode aplicar ao mundo do voluntariado ou à gestão de doadores.

Ensinaram a muitos de nós que se tivermos sucesso, nós seremos felizes. O sucesso, disseram-nos, tem que vir em primeiro lugar. Mas o Shawn Achor questiona essa narrativa. Investigações recentes na área da Psicologia Positiva e da Neurociência provaram que nós compreendermos mal a relação entre sucesso e felicidade. Não é o sucesso que nos leva à felicidade, é ao invés, a felicidade que nos leva ao sucesso.

  • Médicos com um bom humor mostraram ter 3 vezes mais inteligência e criatividade ao diagnosticar do que médicos num humor “neutro”, e eles também conseguirem diagnosticar 19 vezes mais rápido (e tudo o que foi preciso para os fazer ter pensamentos felizes foi dar-lhes um chupa-chupa!)
  • Os vendedores otimistas vendem mais 50% que os vendedores pessimistas
  • Os estudantes que se sentem felizes com algo antes de um teste de matemática tiram melhores notas que os seus colegas mais “neutros”

Isto tem três ramificações importantes para a gestão de voluntariado e para as relações com os doadores.

  • Se começar o seu dia ou se preparar para enfrentar uma tarefa desafiante, irá ter um rendimento melhor se refletir sobre coisas que lhe fazem sentir feliz ou fazer algo que o(a) faz feliz.
  • O ambiente onde os seus voluntários se envolvem é um fator que importa obviamente. Se eles estiverem felizes, os contributos deles também aumentarão
  • Campanhas para encorajar os doadores para que sintam uma sensação de felicidade quando doam, e crie uma experiência diferente com a sua organização para que não se sintam obrigados a doar por se sentirem culpados.

A felicidade pode atuar como uma vacina contra o stress. A altura dos impostos, como pode imaginar, é um tempo muito stressante para os auditores fiscais. Para testar os seus 7 princípios, Achor deu um treino de três horas de psicologia positiva a 250 gestores no KPMG. Quando se testou essas pessoas de novo, os auditores que tinham feito o treino revelaram pontuações muito maiores em termos de satisfação com a vida e níveis menores de stress quando comparados ao grupo de controlo que não tinha recebido o treino.


É possível mudar. Podes pensar que és quem és e acabou. Mas as evidências científicas cada vez mais nos ensinam que não é bem assim.

As últimas novidades no campo da neuroplasticidade mostram que o cérebro humano tem um enorme potencial de crescimento. Nós não sabemos os limites, mas nós sabemos que a ciência já provou que os cérebros podem e mudam (mesmo) e podem crescer, a ciência também provou que existem várias formas de “reprogramar” os nossos cérebros, e que adotar hábitos que melhoram a nossa mentalidade têm mostrado resultados duradouros.

Os Sete Princípios de Achor

  1. A Vantagem da Felicidade – vários estudos têm provado que uma mente feliz produz melhores resultados, e há coisas que pode fazer para aumentar os seus níveis de felicidade
  2. O Ponto de Apoio e a Alavanca – a habilidade para da nossa mente para moldar a nossa realidade externa pode ser mais poderosa que a realidade em si
  3. O Efeito de Tetris – como reprogramar os nossos cérebros para identificarem padrões de possibilidades, para que possamos ver e aproveitar oportunidades onde as procurarmos
  4. Encontre Oportunidades na Adversidade – ver o falhanço como uma oportunidade para crescer
  5. O Círculo do Zorro: como concentrar os nossos esforços em objetivos pequenos e alcançáveis, para ganhar alavancagem para que, gradualmente, se conquiste objetivos cada vez maiores.
  6. A Regra dos 20 Segundos: reduza a energia de ativação para hábitos que quer adotar e aumente-a para hábitos que quer evitar.
  7. Investimento Social: como reaver dividendos de investir num dos maiores indicadores de sucesso e felicidade – a nossa rede de apoio social.

Princípio 1 – A Vantagem da Felicidade

As investigações científicas têm demonstrado de forma clara que as emoções positivas podem abrir as nossas mentes para que possam inventar novas soluções e ter novas ideias. Um destes estudos, comparou dois grupos de crianças de 4 anos. Cada grupo tinha de fazer uma série de atividades de aprendizagem, como encaixar blocos com formas diferentes. A diferença entre estes dois grupos é que foi pedido a um dos grupos que pensasse sobre algo que os faz feliz. As crianças que começaram o exercício com pensamentos positivos, completar as tarefas mais rapidamente e com menos erros.

Noutro estudo, separaram-se médicos em dois grupos, onde um dos grupos foi levado a sentir-se feliz e o outro foi “neutro”, eles foram testados para se verificar o quão rapidamente eles conseguiam fazer um diagnóstico correto. Mais uma vez, o grupo feliz teve uma performance melhor que o “neutro”. Eles diagnosticaram corretamente o problema aproximadamente duas vezes mais rápido que o grupo de controlo.

Existem muitas atividades que podemos fazer para aumentar os nossos níveis de felicidade.

“A mente é um espaço próprio, e dentro de si mesma pode fazer um céu do inferno, ou um inferno do céu.” John Milton, em Paradise Lost

Passos que pode dar

  1. Meditar – Meditação regular, mesmo que seja apenas por 5 minutos diários, irá reprogramar os nossos cérebros para aumentarem os nossos níveis de felicidade, baixarem o stress, e melhorarem o nosso sistema imunitário.
  2. Arranje Algo para Ansiar Por – Antecipar futuras recompensas ativa os nossos centros de prazer nos nossos cérebros da mesma forma que a recompensa em si o faz.
  3. Tenha Atos Conscientes de Bondade – Atos altruístas diminuem o stresse e contribuem para uma melhor saúde mental. Para tirar o máximo benefício cognitivo, os atos de bondade devem ser deliberados e conscientes.
  4. Infunda Positividade nos Seus Ambientes – Faça que o seu local de trabalho seja um lugar positivo, tire um intervalo a meio do dia e evite as emoções negativas. Passar 20 minutos na rua com um bom tempo, não só melhora o seu humor como expande o seu pensamento e melhora a sua memória funcional.
  5. Exercício – Ao exercício físico, o seu corpo liberta químicos (endorfinas) prazerosos que melhoram o seu humor – e não é apenas um efeito pouco duradouro. Um estudo demonstrou que 45 minutos de atividade física, três vezes por semana, resulta numa melhoria significativa na saúde mental de pacientes deprimidos por mais de 6 meses.
  6. Gastar Dinheiro (mas Não em objetos) – Os estudos mostram que gastar dinheiro em experiências e atividades no lugar de fazer compras materiais, faz-nos mais felizes durante as atividades e também com o passar do tempo. Assista a uma aula de uma só noite de arte, envie flores para a sua esposa, vá almoçar com um amigo (ou levem take-out e encontrem-se no parque se não puder almoçar no restaurante).
  7. Exercite uma Força Sua – Quando fazemos as coisas nas quais somos bons e que estão ligadas à nossa forma de ser, nós obtemos benefícios duradouros e novamente, aumentamos os nossos níveis de felicidade. Isto é mais que apenas “perseguir a sua paixão”. É um treino diário das suas próprias forças que o(a) faz ser você mesmo(a).

Princípio 2 – O ponto de apoio e a Alavanca

O Achor reconheceu a importância da psicologia quando ele tinha apenas 7 anos de idade e enquanto brincava com a sua irmã mais nova e ela caiu do beliche. Por acaso, nesse momento crucial mesmo depois de uma criança se magoar, havia duas opções: entre uma estrada na qual a criança chorava e outra no qual ela continuava como se nada tivesse acontecido, ele conseguiu distraí-la. Apesar de ele não se ter apercebido na altura, aquela era a sua primeira lição de vida sobre a forma como nós podemos influenciar o quão felizes estamos. Todos os pais que estão a ler isto já têm a sua versão desta lição. Mudar o foco da criança da dor para outra coisa, parece fazer com que a dor simplesmente desapareça.

Há muita ciência por trás disto. Os nossos cérebros só podem processar uma quantidade finita de informação de uma só vez. Se receberem muitos estímulos que não são de dor, o cérebro perde a sua capacidade para processar a informação sobre a dor.

Isto é relevante para outras ocasiões que não implicam alguém cair do beliche abaixo. Se utilizarmos a nossa capacidade mental para nos concentrarmos em gratidão, esperança, otimismo e resiliência, nós estaremos menos vulneráveis à negatividade do stress e da incerteza.

Princípio 3 – O Efeito Tetris

Visto que os nossos cérebros apenas podem processar uma certa quantidade de informação ao mesmo tempo, nós precisamos de garantir que não o estamos a encher de pensamentos negativos, não deixando lugar para os pensamentos positivos (felizes).

O Departamento de Psiquiatria de Harvard pagou a participantes para jogarem Tetris (veja este vídeo se não conhece o jogo) durante várias horas por dia, e em três dias seguidos. Depois do estudo, os participantes viam o mundo como se ele fosse feito de formas de Tetris. Um relatou que imaginava como as caixas de cereais podiam ser realinhadas para que encaixassem mais apertadas no armário e refletiu sobre um edifício particular no horizonte da cidade, se este fosse virado de lado, será que se conseguia encaixar naquele espaço mais dois edifícios.

Eu experienciei uma variante disto e porventura também já experienciou. Por exemplo as vendas de SUVs brancos aumentaram drasticamente imediatamente após eu e a minha mulher comprarmos um, ou só como novos donos de um SUV branco, é que começamos a reparar quantos deles é que andavam na estrada.

Isto não é só sobre o jogo, claro; O Efeito Tetris é uma metáfora para a forma como os nossos cérebros influenciam a forma como nós vemos o mundo real.

Talvez consigas identificar alguém que tu conheces que esteja preso num Efeito de Tetris negativo. O chefe que apenas vê o que fizeste incorretamente e não vê o que fizeste bem. O colega que vem para o escritório num dia maravilhoso de sol, e refila sobre o quão quente o tempo está. O Achor afirma que estas pessoas, geralmente, não estão a tentar ser difíceis ou rabugentas; elas simplesmente ficaram acostumadas a procurar o negativo do mundo e ao fazê-lo, é isto que elas veem.

Somos bombardeados com mais informação que os nossos cérebros conseguem compreender, então eles atuam um bocadinho como o filtro de spam do email. Algumas estimativas apontam que apenas conseguimos reter 1 a cada 100 bocados de informação que recebemos. Tal como um filtro de spam está programado para seguir instruções específicas que lhe foram programadas sobre o que deixar passar e o que filtrar para o spam, os 99/100 bocados de informação que filtramos para fora baseiam-se numa programação que criamos nos nossos próprios cérebros.

Uma experiência clássica que demonstrou isto envolveu um vídeo onde dois pequenos grupos, um vestido de preto e o outro de branco, passaram uma bola de basquetebol entre o seu próprio grupo. Pediu-se aos participantes na experiência que contasse o número de vezes que a equipa branca passava a bola. Depois de o vídeo acabar, perguntava-se aos participantes se eles viram um gorila a passar na cena. Quase metade, 46%, não viram! O vídeo está disponível aqui. Considerando que iremos olhar para o vídeo no contexto desta discussão de que vemos apenas o que nós estamos programados para ver, irá certamente conseguir ver o gorila. Experimente com os seus colegas e amigos sem lhes dizer nada antes de começar.

O poder de um Efeito de Tetris positivo inclui felicidade, gratidão e otimismo.

Felicidade – quanto mais coisas positivas vir à sua volta, mais feliz será: quanto mais feliz for, melhor irá render no seu trabalho e na sua vida em geral.

Gratidão – além do sentido de gratidão o levar para níveis mais altos de felicidade, os investigadores encontraram que membros aleatórios de experiências, treinaram para serem mais gratos durante um período de várias semanas e sentiram-se mais ligados socialmente, conseguiram dormir melhor e até disseram ter menos dores de cabeça quando comparados aos indivíduos do grupo de controlo.

Otimismo – Vários estudos demonstraram que pessoas otimistas são melhores a definir objetivos, a lidar com situações de stress elevado e a conseguir ultrapassar as dificuldades.

Como líderes de voluntariado isto é sem dúvida importante. Como já vimos, a sua felicidade irá afetar a forma como faz o seu trabalho, mas visto que a felicidade é contagiosa, ela também irá afetar como todos os seus voluntários se envolvem e cumprem com os seus papéis.

Felizmente, nós podemos treinar ou até reprogramar o nosso cérebro para que ele tenha um Efeito de Tetris positivo. Como? Iremos mostrar-lhe no princípio 6.

Princípio 4 – encontre oportunidades na adversidade

As pessoas e empresas mais bem-sucedidas não veem a adversidade como um obstáculo, mas sim como um passo fundamental para alcançar o sucesso. A adversidade torna-se parte da sopa que leva a grandes sucessos. Sabia que o Walt Disney foi despedido por um editor de um jornal por não ser suficientemente criativo? O Michael Jordan, antiga glória do basquetebol que jogou nos Chicago Bulls (que foi, importa referir, dispensado da equipa da sua escola secundária), disse uma vez “eu já falhei vezes sem conta durante a minha vida, mas é por isso que eu tenho sucesso”.

Muitas organizações, atualmente, esforçam-se para celebrar os seus falhanços. Porquê? É um reconhecimento que se aprendeu com os erros e um contributo para os sucessos futuros. Sabia que a linha de produtos da 3M com as suas Notas de Post-Its foi o resultado de um falhanço significativo? Um químico estava a tentar formular uma cola permanente, mas o resultado foi algo que poderia ser colado e depois arrancado várias vezes, ele escreveu sobre o seu falhanço numa publicação interna da empresa. O departamento de marketing leu-o e identificou o potencial ali presente.

Na Better Impact, nós entendemos que se não cometer um erro por ano, não estará a esforçar-se suficientemente. Um dos nossos valores fundamentais é “Sê Humano – Cometa erros, celebre, adapte-se, cresça e ligue-se… faz tudo parte de ser humano”. Isto também contribui para o nosso sucesso.

Princípio 5 – O Círculo do Zorro

Antes do Zorro ser um lutador calmo e ponderado que lutava em nome daqueles que não se podiam defender, ele era um homem pouco disciplinado e sem foco. A mentoria do Don Diego que conseguiu extrair o melhor do Zorro começa com o desenhar de um círculo na areia à volta do Zorro, Don Diego diz-lhe que ele só pode lutar dentro daquele círculo, e que quando conseguir dominar a habilidade para se concentrar na luta mesmo estando dentro do círculo, o círculo irá aumentar. Foi com base nesta história do Zorro que Shawn Achor, o autor de A Vantagem da Felicidade, nomeou o seu quinto princípio.

Um dos maiores impulsionadores do sucesso é a crença que as nossas ações são importantes para o resultado. Infelizmente, quando os stresses das nossas vidas começam a chegar àquele ponto crítico, a sensação de controlo é a primeira a desaparecer, especialmente quando nós estamos a tentar resolver demasiadas coisas de uma vez. Nestas situações, somos aconselhados a limitar abrangência do nosso foco, depois somos aconselhados a observar que as nossas ações têm o efeito pretendido, depois sentimos algum sentido de controlo sobre a nossa área definida de forma abrangente e ganhamos confiança para gradualmente aumentarmos o nosso foco.

Ter a sensação de controlo é importante. O Estudo Nacional para a Mudança da Força de Trabalho descobriu que ter uma maior sensação de controlo no trabalho predizia um nível maior de satisfação noutras áreas da vida.

A felicidade não é a única vítima envolvida nisto. Quando nós perdemos o nosso sentido de controlo no nosso ambiente de trabalho, nós tendemos a pensar mais com a parte do cérebro que controla os reflexos de lutar ou fugir ao invés de utilizarmos a parte do nosso cérebro que toma decisões estratégias e lógicas. Deste modo, a produtividade pessoal diminui.

Eu oiço muitas vezes líderes de voluntariado a falarem sobre aquele sentimento de estarem sobrecarregados com tudo o que têm de fazer, de terem de trabalhar com regras feitas por outras pessoas e de, frequentemente, não terem qualquer influência na sua organização. Se essa pessoa és tu, está na altura de desenhar um círculo do Zorro e focar a sua atenção numa coisa. Desembarace-se de um projeto o mais rapidamente possível. Feche a porta do seu escritório e acabe-o ou encontre uma forma de o delegar. Escolha algo na sua organização que sabe que pode ser melhorado e concretize essa melhora você próprio ou encontra uma forma de convencer outros a juntarem-se ao seu círculo do Zorro. Se for possível, comece com a tarefa mais fácil para que todos se familiarizem com o ambiente e se juntem à melhora pretendida. Com o sucesso do seu primeiro círculo do Zorro, você e a sua organização terão ganho confiança para enfrentar seja o que for que caia no círculo maior.

Princípio 6 – A regra dos 20 segundos

No final dos anos 1800s, William James deu a sua primeira aula experimental de psicologia em Harvard e publicou os Princípios da Psicologia. Ao falar sobre a forma como os hábitos afetam as nossas vidas, ele aconselhou o seguinte “nós devemos fazer com que o nosso sistema nervoso seja nosso aliado e não o nosso inimigo”. Considerando o quão facilmente conseguimos fazer coisas que se tornaram hábitos nas nossas vidas, se conseguirmos adicionar um conjunto de hábitos positivos, nós ficaremos melhores sem que seja necessário nos esforçarmos muito mais.

Os nossos cérebros mudam com a repetição de algo. Os nossos cérebros são compostos por biliões de neurónios que estão todos interconectados uns com os outros, estes formam um vasto conjunto de vias neurais. Cada vez que pensamos ou agimos, uma corrente elétrica percorre essas vias, e quanto mais a via for utilizada, mais forte ela fica e o sinal consegue viajar mais rapidamente através dela. Eventualmente o sinal consegue percorrer o caminho tão rapidamente e facilmente, que a ação parece ser automática.

Então por que razão é difícil criar bons hábitos? O truque é conseguir ultrapassar a inércia de evitarmos um estado onde temos que nos forçar conscientemente para fazer algo. O caminho de menor resistência está sempre no nosso trajeto. O que nós precisamos de fazer é criar um caminho de menor resistência que nos leve ao hábito positivo ao invés de nos desviar dele.

Achor partilhou um exemplo da sua própria vida que ilustra isto. Ele decidiu que ele queria aprender a tocar guitarra de novo e comprometeu-se a treinar diariamente e a monitorizar esse comprometimento por 21 dias, altura na qual a atividade já teria boas raízes para ser tornar um hábito. Isto durou apenas 4 dias porque a força de vontade por si própria não é suficiente. Mais tarde, e depois de ver os efeitos que os caminhos de menor resistência tinham nas pessoas, ele tentou de novo. Mas desta vez, no lugar de arrumar a guitarra na sua caixa, na qual ele demorava apenas 20 segundos a tirar a guitarra de lá, ele manteve-a num armário na sua sala de estar. Ver a guitarra todos os dias fez com que pegar nela, no lugar de a deixar na caixa, fosse o caminho de menor resistência.

Esta estratégia pode ser aplicada a comer de forma mais saudável ao colocar snacks saudáveis em locais onde eles são facilmente avistados e fáceis de chegar, enquanto se coloca os snacks pouco saudáveis em lugares fora de vista e em lugares que requerem mais esforço para aceder.

O princípio é simplesmente isto. Nós queremos arranjar formas de baixar as barreiras para tomar ações que nós queremos que se tornem hábitos, e ao mesmo tempo, aumentar as barreiras para ações de hábitos que gostaríamos de deixar de ter.

Princípio 7 – Investimento Social: porque é que o apoio social é o seu maior bem

Achor começa este capítulo com uma história verídica de quando ele estava a terminar o seu treino de 90 horas para se tornar um bombeiro voluntário. O último passo chamava-se O Labirinto de Fogo. Ele e outro formando tinham de entrar num labirinto a queimar e cheio de fumo para salvarem um boneco que estaria algures no labirinto. Eles já tinham aprendido que é fácil ficarem desorientados e não saberem como sair de uma casa cheia de fumo onde não se consegue ver nada. A técnica para evitar isto é manter sempre uma mão na parede e a outra mão no seu parceiro que inspeciona o chão enquanto procura por uma vítima inconsciente, Apesar de lhes terem dito que eles tinham 60 minutos de ar, o alarme de baixo ar nos seus tanques de oxigénio disparou em apenas 10 minutos.

Quando confrontados com isto os bombeiros mais experientes teriam conseguido manter a calma, mas os formandos entraram em pânico e a habilidade deles para pensar dissipou-se rapidamente. Eles deixaram-se de se agarrar e tiraram a mão da parede. Ficaram logo desorientados e passado pouco tempo estavam a rastejar às voltas no chão.

Os instrutores deixaram a situação prosseguir durante um curto intervalo de tempo antes de entrarem e salvarem os formandos. Afinal de contas, não havia nenhum boneco para ser salvo e os alarmes de baixo oxigénio tinham sido viciados para dispararem apesar de ainda terem muito ar nos tanques. Apesar de ter parecido uma partida cruel na altura, esta era uma lição crucial que podia salvar-lhes as vidas e ensinou-lhes uma lição que é uma das bases para os 7 Princípios de Achor – quando enfrentamos um desafio ou ameaça inesperada, a única forma que temos de nos salvar é apoiarmo-nos firmemente nas pessoas que estão à nossa volta e não as largar. Podemos estar a viver em épocas de distanciamento físico devido à pandemia, mas aquelas chamadas no Zoom ou Facebook, ou aquelas conversas quando estão na entrada, todas estas interações não são só encorajadoras, mas fazem também parte do nosso plano de sobrevivência.

Num dos estudos mais longitudinais da psicologia, verificou-se o progresso de 268 homens desde a sua entrada na universidade no final dos anos 30 até 2009, durante o estudo foram recolhidas quantidades enormes de dados sobre as vidas deles. Ao examinar esses dados, os investigadores procuraram pelas diferenças nas vidas destes homens que separavam os que tinham as vidas mais felizes e realizadas dos que tinham vidas com menos sucesso. A resposta, de acordo com George Vaillant, o autor do estudo citado pela Atlantic Monthly, é “amor e ponto final”. As conclusões de Vaillant foram que há “Temos 70 anos de provas que as nossas relações com outras pessoas importam, e importam mais do que qualquer outra coisa no mundo”.

Estas descobertas já foram replicadas inúmeras vezes. Num desses estudos, os investigadores procuraram identificar as características do top 10% de pessoas mais felizes. Será que teria a ver com climas quentes, riqueza, ou forma física? Não. Eles encontraram apenas uma característica que distinguia os 10% mais felizes de todos os outros: a força das suas relações sociais.

Visto que já vimos que a felicidade leva a melhores resultados na sua organização, e que um círculo social forte contribui para a felicidade, é importante que não deixe de priorizar as suas ligações sociais, particularmente quando as coisas se tornam difíceis. Pode estar enterrado com trabalho e pensar que as outras coisas têm de vir em segundo lugar, mas, afinal de contas, acaba por ser melhor para o seu trabalho a longo prazo (tal como para si também) se mantiver as suas ligações sociais fortes.

Não nos podemos esquecer que tudo isto se aplica aos seus voluntários e a si também. Visto que algumas pessoas fazem voluntariado como uma forma de obter alguma ligação social, o fecho temporário de uma organização que envolve voluntários fez com que alguns dos voluntários ficassem de fora de um importante círculo social. Será que alguns dos seus voluntários gostariam de se restabelecer contacto através do Zoom? À medida que começa a reunir os voluntários de novo no pós-pandemia, simplesmente apresentar dois voluntários que não se conhecem é provavelmente a forma mais fácil e rápida de investir em dividendos sociais. Criar oportunidades para eles para se conhecerem irá reforçar os círculos sociais deles e, como resultado, irá fazê-los mais felizes e mais proativos. Quem é que perde aqui?!

Recapitulando os 7 Princípios de Achor:

  1. A Vantagem da Felicidade: Um estado de espírito feliz leva a melhores resultados, isto já foi provado por vários estudos e existem coisas que pode fazer para aumentar o seu nível de felicidade
  2. O Apoio e a Alavanca: Às vezes é preciso força de vontade, se a sua mente ou a sua organização está repleta de motivos pelos quais não se deve fazer algo, então não há espaço para dar azo a ideias que poderiam tornar isso possível.
  3. O Efeito Tetris: Nós podemos reprogramar os nossos cérebros para identificarem padrões de possibilidades, de forma que possamos ver (e aproveitar) oportunidades onde quer que elas estejam.
  4. Encontrar Oportunidades na Adversidade: falhar é parte do caminho para o sucesso.
  5. O Círculo do Zorro: Concentre os seus esforços em objetivos pequenos e alcançáveis para ganhar motivação para gradualmente conquistar objetivos cada vez maiores.
  6. A regra dos 20 Segundos: Baixe a energia de ativação para hábitos que quer adotar e aumente-a para hábitos que quer evitar.
  7. Investimento Social: Independentemente dos desafios que pode enfrentar, não ignore um dos maiores indicadores do sucesso e felicidade – a sua rede de apoio social.

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Esta sinopse não tem como objetivo substituir uma leitura completa do livro, e olhe que vale mesmo a pena lê-lo.