Os investidores na Caverna do Dragão são implacáveis. Eles estão lá para encontrar formas de fazer dinheiro e é nisso que eles se concentram. Quando foram apresentados a uma empresa de sapatos que teria a sua produção exclusivamente em África, uma missão que procurava criar emprego em África ao mesmo tempo que se produzia bom calçado para o mercado global, os investidores fizeram uma pergunta comovente.
Investidores: Porque é que produzes em África quando os custos de produção e de transportação serão mais caros que noutros sítios?
Empresa de Calçado: Porque acreditamos nos benefícios da criação de uma economia em África.
Investidores: Tens uma oportunidade de negócio que nos interessa, mas para conseguirmos uma potencial redução de 20% nos custos, nós teríamos de mudar a produção para fora de África. Estaria disponível para fazer isso?
Empresa de calçado: Não.
Investidor 1: Não conte comigo.
Investidor 2: Não conte comigo.
Investidor 3: Não conte comigo.
Eu estou a parafrasear, mas isto representa precisamente a essência do que acontece.
Os investidores sabem perfeitamente qual é a sua missão (maximizar lucros) e não abdicam dela. A empresa de calçada compreende a missão deles (construir uma empresa de sucesso que contribui para a economia Africana) e não abdicam dela. Eu sugiro que ambas as perspetivas merecem ser consideradas. Coloque-se no lado dos investidores por um momento. Eles têm a missão de fazer dinheiro e estão extremamente focados na sua missão. Eles não estão interessados em utilizar recursos para coisas que não os ajudam a alcançar a sua missão. Um investidor bem-sucedido e uma caridade ou uma organização sem fins lucrativos bem-sucedida são obviamente diferentes em muitos sentidos, mas também são, discutivelmente, parecidas num aspeto importante. Para serem bem-sucedidas, ambas precisam de trabalhar para garantir que os seus recursos estão a ser utilizados da forma mais eficiente possível para conseguirem a sua missão.
Um bom ambiente para os voluntários é aquele onde a paixão pela missão carrega o mesmo foco concentradíssimo do que o demonstrado pelos investidores.
Os doadores sentem-se inspirados pela sua missão e escolheram apoiá-la. Embora alguns também tinham sido inspirados pelo reconhecimento, eles estão interessados em obter o maior impacto possível por cada dólar que lhe dão para conseguir a sua missão.
Adotar uma abordagem focada na missão não significa que a sua missão tem de ser tão estritamente focada que nem sequer inclua elementos como o tratamento justo das pessoas e com o mínimo de impacto no ambiente.
Adotar essa abordagem também não significa que não possa gastar algum tempo ou dinheiro a mostrar os doadores e aos voluntários que você aprecia o que eles oferecem. Não só os doadores e os voluntários merecem que lhe agradeça, mas também é senso comum que quando sentimos que as nossas contribuições têm valor, nós ficamos mais dispostos a oferecer mais ou a trabalhar mais produtivamente. Ambas contribuem para que consiga alcançar a sua missão.
Então o que pode fazer?
Qual é a sua missão? Está neste momento a dedicar esforos ou a ter despesas que não contribuem para ela e, consequentemente, estão a impedir-lhe de ficar mais perto de alcançar? Se sim, é a altura de ser tão implacável como aqueles que vivem na Caverna do Dragão.
Quais é que são os seus pensamentos sobre este tópico?