<img height="1" width="1" style="display:none;" alt="" src="https://px.ads.linkedin.com/collect/?pid=3269306&amp;fmt=gif">

4 min read

BULA… a arte de conectar!

BULA… a arte de conectar!

Bula!

Originalmente escrevi este blog enquanto estava de férias no paraíso tropical que é Fiji. Se nunca o visitaste, precisas de arranjar uma forma de lá chegar e experienciar a fantástica comida Fijiana, o seu clima e a sua hospitalidade. 

Quero-me concentrar aqui no último aspeto, um dos elementos mais cativantes da cultura Fijiana é a sua aceitação graciosa de qualquer pessoa, tal como a sua felicidade genuína ao recebê-lo(a) nas suas ilhas. 

A palavra ‘Bula’ é utilizada universalmente para dizer olá ou dar as boas-vindas em Fiji, e toda gente o irá cumprimentar com esta amável expressão. Não é algo que façam só para os turistas nem é um cumprimento no qual os locais se sentem forçados a cumprir. É de facto um “olá” genuíno que lhe vai fazer sentir muito bem! 

Como eu venho de uma cultura ocidental, a primeira coisa que me chamou a atenção durante as minhas férias foi o facto que realmente perdemos a arte da comunicação e, mais importantemente a habilidade para nos conectarmos com os outros à nossa volta. Mesmo enquanto eu passeava pelos resorts em Fiji, outras pessoas do ocidente que passavam por mim simplesmente olhavam para baixo e, com alguma sorte, murmuravam um olá.  

O exemplo mais significante disto que testemunhei ocorreu quando eu estava a assistir uma conferência mundial sobre Voluntariado em Singapura no último ano. Quando eu e um amigo saímos do metro extremamente lotado na hora de ponta, e lá fizemos o nosso caminho entre toda aquela gente que ia para o seu trabalho, eu de repente apercebi-me que algo estava estranho. Ninguém estava a falar com outro. Ninguém! Todas as pessoas estavam concentradas nos seus pequenos aparelhos eletrónicos, presos em mundos que estavam a quilómetros da pessoa que estava mesmo a passar ao lado deles. Foi mesmo um momento surreal! 

Como é que isto tudo se liga ao tópico muito falado de gestão de voluntariado? 

Bem, eu acredito que muitos programas de voluntariado perderam (ou arriscam perder) a arte de comunicação efetiva e a ligação com os seus voluntários à medida que trabalhamos em ambientes que continuam a exigir cada vez mais capacidades administrativas dentro do nosso local de trabalho. 

Historicamente, o papel da liderança de voluntariado emergiu como algo que requeria um foco no lado pessoal de trabalhar com voluntários. Eu lembro-me perfeitamente de embarcar no meu primeiro programa de voluntariado no final dos anos 80 e também do passar de testemunho, que recebi no primeiro dia, do coordenador que estava de saída. 

Este passar de testemunho consistia em dicas pessoais de como conseguir extrair o máximo de cada voluntário. Conselho do tipo “Este é o Ken e ele vai estar à espera de que te sentes e bebas um café com ele quando ele chegar na terça de manhã” ou “A Mary gostas orgulha-se da sua capacidade para o artesanato e irá trazer-te várias amostras para que o vejas”. Resumidamente, era tudo focado nas PESSOAS e a liderança de voluntárias naquela altura era praticamente uma “profissão de pessoas”. 

À medida que o tempo passou, novos e maravilhosos termos como “responsabilidade”, “litigação” e “gestão de riscos” entraram no vocabulário da gestão de voluntariado, foi nessa altura que as organizações pararam de empregar gestores de voluntariado com fortes capacidades interpessoais e passaram a procurar líderes de voluntariado com capacidades mais voltadas para a administração, políticas, desenvolvimento e gestão de recursos humanos. 

Eu não estou a sugerir de forma alguma que haja algo de errado com esta evolução, maior parte dela era necessária e importante para um desenvolvimento efetivo do voluntariado e para a proteção dos voluntários. No entanto, eu falo há muitos anos sobre o risco inerente a esta evolução, o risco desta área ficar menos focada nas pessoas e muito mais focada no papel! 

Eu lembro-me muitas vezes de uma peça de arte que o meu meio-irmão (artista) David Archer* criou que ilustra esta preocupação lindamente. O David cria “automata” – obras de arte que se movem à medida que se manuseia alavancas e se clica em botões. Esta obra particular tem uma caixa grande com um aspeto industrial com uma correia transportadora atravessada no meio. Na esquerda da caixa, a correia transportadora entra na caixa e na correia estão pequenas figuras de artistas, chefs, atletas e outros indivíduos talentosos. À medida que a correia transportadora emerge da caixa industrial pela direita, ela enche-se com uma linha de robots – todos exatamente iguais.  

Para o Dave este é uma tomada de posição sobre a industrialização, mas para mim é uma grande representação do que nós podemos fazer com as nossas equipas de voluntários. Nós ficamos tão ocupados ao “processá-los” que nos esquecemos que eles chegam a nós com um vasto leque natural de competências, talentos, conhecimentos e habilidades. 

Então fica aqui um lembrete – como líderes de voluntários nós estamos sempre a trabalhar numa “profissão de pessoas” em PRIMEIRO LUGAR e nós temos a responsabilidade de continuar a encontrar formas de nos ligarmos às pessoas diariamente. 

Existem muitas estratégias para o conseguir, mas todas elas andam à volta de nós conseguirmos arranjar tempo no meio de todas as tarefas administrativas para deixarmos as nossas secretárias e nos ligarmos aos voluntários. Uma técnica muito falada para o conseguir é a chamada “gestão por andar por ali”. Muito simplesmente, arranja tempo todos os dias (no seu diário) para passear e dizer um olá à sua equipa, ouça as preocupações deles e tome notas sobre as coisas que requerem a sua atenção. 

Ficará surpreendido com a diferença que isso faz, o quão fácil é, e o quão mais visível irás parecer para os teus voluntários. 

A outra coisa que frequentemente nos esquecemos de fazer durante um dia de trabalho árduo é simplesmente dizer obrigado(a) aos nossos voluntários. 

No filme Hitchock, o Will Smith faz o papel de um super-herói desleixado com poderes fantásticos para fazer o bem, mas ele tem estado tão ocupado ao simplesmente tentar terminar todas as suas tarefas que ele acabou por se esquecer do verdadeiro propósito para a utilização dos seus poderes de super-herói.

Ao longo do filme ele é treinado para ser mais socialmente aceitável e entre outras coisas, relembram-lhe vezes sem conta para dizer “bom trabalho” à polícia e aos outros que frequentemente estão nos locais de crime antes da chegada dele.

Então como líderes de voluntários nunca nos podemos esquecer de dizer “bula” aos nossos voluntários. De deixar a nossa secretária, de passear com as nossas equipas e de nos certificarmos que cada voluntário se sente como um membro verdadeiramente valorizado da sua equipa.

Agora, se me derem licença, irei aproveitar para beber outro cocktail!

Vinaka! E por favor partilhe a sua opinião abaixo.

Use dados para garantir orçamento para software voluntário

Use dados para garantir orçamento para software voluntário

Não há dúvida de que o software de gestão voluntário (VMS) pode ser uma enorme ajuda para organizações sem fins lucrativos e de caridade. No entanto,...

Read More
Quem manda no galinheiro?

Quem manda no galinheiro?

Eu tenho a sorte de viajar muito e conhecer muitos gestores de voluntariado de todas as esferas da vida no processo.

Read More
Como construir uma equipa de voluntários altamente empenhada

Como construir uma equipa de voluntários altamente empenhada

Introdução As organizações sem fins lucrativos dependem frequentemente da dedicação e da contribuição dos seus voluntários. Todos nós já ouvimos os...

Read More